Faleceu hoje (09/02/2021), vítima de complicações da Covid-19, o reumatologista Dr. Aloysio João Fellet. De acordo com informações de pessoas ligadas à família, ele estava internado há uma semana no Hospital
Albert Sabin e faleceu por complicações respiratórias.
O Dr. Aloysio Fellet faz parte da história da saúde em Juiz de Fora, tendo integrado a primeira turma da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora e tendo sido o primeiro aluno a receber o diploma das mãos do presidente Juscelino Kubitschek em 1958.
Foi Diretor da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora (SMCJF) e fundador do Departamento de Reumatologia da entidade. Foi Presidente da Academia Brasileira de Reumatologia e do Comitê Ibero-Americano de Reumatologia.
Graduado na primeira turma da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 1958, Aloysio Fellet foi pioneiro na área da Reumatologia em Juiz de Fora, com mais de 60 anos de atuação.
Na década de 1960, também ingressou como professor na UFJF, cargo em que permaneceu até sua aposentadoria, em 2002. Em 1982, ele concretizou a fundação da Academia Brasileira de Reumatologia (ABR), órgão que presidiu entre 1992 e 1994.
Desde 1985, Aloysio Fellet é também presidente do Departamento de Reumatologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora (SMCJF), além de ter sido presidente da Sociedade Mineira de Osteoporose.
O Dr. Aloysio Fellet, foi fundador da Academia Brasileira de Reumatologia (ABR), em 1982, sendo Patrono e Titular da Cadeira 27. Ele presidiu a ABR na gestão 1992/1994 e sempre foi muito atuante, participando da organização dos eventos e das demais atividades.
O médico reumatologista também era membro ativo do Rotary Club Juiz de Fora, do qual foi Governador (1994/1995) do Distrito 4580, participando das reuniões do clube até as últimas semanas de vida.
Em 2018, o médico foi homenageado com a Medalha do Mérito Legislativo pela Câmara dos Vereadores de Juiz de Fora, a maior honraria do Legislativo juiz-forano.
Também em 2018, o curso de Medicina homenageou a primeira turma, com a entrega de uma placa comemorativa a cinco ex-alunos: Aloysio Fellet, Antônio Carlos Andrès, José Carlos Barbosa, Ramon Expedito de Castro e Sagrado Lamir David.
A Faculdade de Medicina foi criada em 1952 e a primeira turma ingressou em 1953. Eram 17 homens e uma mulher, que se denominam “os 18 do forte do Morro da Glória”, local onde funcionou o primeiro prédio da Faculdade.
O reitor da UFJF, Marcus Vinicius David, ressaltou o papel da Famed para a história da instituição. “A Faculdade de Medicina é uma das que serviram de base para a criação da Universidade e nos enche de orgulho, com uma história muito bonita e que sinaliza para a importância das faculdades públicas contribuírem na formação dos médicos”, afirmou.
O Dr. Aloysio Fellet foi escolhido como representante dos homenageados para ser o orador na solenidade. Ele ressaltou a paixão dos formandos da primeira turma pela medicina e o papel deles como construtores da faculdade. “O diploma obtido na instituição reforça nossa disposição para lutar pela defesa permanente da Faculdade de Medicina de Juiz de Fora”, garantiu.
O velório será realizado das 13h às 15h, no Cemitério Parque da Saudade, e o enterro às 15h30, no Cemitério Municipal.
Entrevista com o Dr. Aloysio J. Fellet para o site da Academia Brasileira de Reumatologia (ABR):
Academia: Dr. Fellet, o senhor foi o sexto presidente da Academia Brasileira de Reumatologia, na gestão 1992/1994. Como era a Academia naquela época?
Dr. Fellet: Em 1982, quando da sua fundação a ABR aglutinava os principais nomes da Reumatologia Brasileira, mas não tinha ainda o prestígio e a importância adquirida ao correr dos anos. Eram os colegas que através de reuniões, Conferências e Palestras, foram se entrosando, tornando a ABR um estímulo e um desejo de todos os Reumatologistas do Brasil.
Academia: O que senhor lembra dos pioneiros da academia? Conviveu com muitos deles?
Dr. Fellet: Meu relacionamento com os participantes da ABR vem desde 1962, quando fiz Residência Médica no Serviço do Professor Jaques Houli da Santa Casa do Rio de Janeiro. A partir daí passei a conhecer outros reumatologistas do Rio de Janeiro e que participavam em Simpósios, Palestras e Reuniões Científicas junto ao Serviço de Reumatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro.
Conheci os Drs. Pedro Nava, Hilton Sêda, Waldemar Bianchi, Israel Bonono, Caio Villela Nunes, Ruben Lederman, Flamarion Gomes, Odir M. Pereira e outros.
Em 1965, fui convidado pelo Dr. Pedro Nava, na época, um dos organizadores do Congresso Mundial de Reumatologia, realizado em Mar Del Plata na Argentina, para participar e apresentar um trabalho científico sobre GOTA. Foi nossa 1ª. participação internacional.
Depois desta, participamos em várias outras dos amigos reumatologistas citados acima.
Dr. Waldemar Bianchi em 1972 me convidou para reuniões na cidade do México e em Los Angeles (Universidade da Califórnia).
No México, fui apresentado ao Dr. Prof. Gabor Katona – Chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital Geral do México – um dos maiores artroscopista do mundo. Posteriormente, no ano seguinte fui para o México fazer um curso de artroscopia com ele.
Conseguimos com a Syntex Internacional a doação de um Artroscópio para o Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário da U.F.J.F., que se tornou o 2º. no Brasil a fazer tal procedimento. O 1º. Foi o do Hospital São Francisco no Rio de Janeiro, com o Professor Jair Vieira Gomes.
E assim foram várias outras participações até 1982, quando foi fundada a ABR – Academia Brasileira de Reumatologia. O meu relacionamento com os pioneiros da Reumatologia foi muito expressivo.
Academia: O nosso presidente, Dr. Lauredo, encaminhou a seguinte pergunta: Fellet, há quantos anos você está na Academia e na organização das reuniões com formação das pautas e dos certificados?
Dr. Fellet: Sou pioneiro da Reumatologia na minha Região desde 1962, quando ingressei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1964, tornei-me Professor Titular de Reumatologia por Concurso Público, permanecendo até 2002, quando aposentei. Em 1982 participei da fundação da ABR como Patrono e Titular da Cadeira no. 27, passando a Membro Emérito em 2010.
Desde 2000, sou Presidente do Conselho Científico da ABR, participando com o Presidente na Organização das Conferências e Encontros Nacionais.
Academia: O senhor lembra da Conferência Nacional da Academia Brasileira de Reumatologia, 28 e 29 de agosto de 1998, em Juiz de Fora/MG?
Dr. Fellet: Em 1998, foi realizada a 6ª Conferência Nacional da ABR, em Juiz de Fora. O presidente da ABR era o Acadêmico Ueliton Vianna.
A Conferência foi um sucesso, com mais de 250 participantes da Academia, médicos e formandos de Medicina. Na época, eu era Professor Titular de Reumatologia da U.F.J.F. 9º. período, que congregava 100 alunos e que em
parte compareceram.
Academia: Nestes anos todos da Academia, quais foram as coisas mais marcantes para o senhor?
Dr. Fellet: O relacionamento com os Acadêmicos, as reuniões e as Conferências me proporcionaram um elevado ganho nos conhecimentos científicos e amplificaram consideravelmente meus relacionamentos com profissionais da área da Reumatologia, não só brasileira, como também internacional.
Academia: Uma alegria na Academia?
Dr. Fellet: Nossas reuniões, nossos amigos e a confraternização com aqueles que nos acompanharam nas festividades.
Academia: Uma saudade na Academia?
Dr. Fellet: A falta de reuniões mais frequentes, a ausência dos amigos que nos deixaram. Seria o sonho da minha vida!
Academia: Um sonho para a Academia?
Dr. Fellet: Podermos por muitos anos continuar a conviver com os amigos que fizemos no longo destes mais de 60 anos de um relacionamento cordial, alegre e sincero.
Academia: Breves palavras sobre a Academia.
Dr. Fellet: A ABR é o destino e o sonho de todo Reumatologista que faz de sua área profissional um campo de ciência, profissionalismo, seriedade e sobretudo participação em eventos nacionais e internacionais.
Dr. Aloysio Fellet