Bellei é um artista plástico movido pela emoção. Quando conta sobre seus processos, sempre reitera que precisa de sentimento para pintar. E precisa ser naquele momento: nada de começar, parar, voltar. Em menos de uma hora, está pronto: aquele lugar que foi, gostou, registrou, transforma-se em uma tela com tendências expressionistas, com referência, ainda, aos juiz-foranos Carlos Bracher e Dnar Rocha. Depois de mais de 15 anos sem expor seu trabalho, o artista volta a ocupar as galerias nesta quinta-feira (23). Suas telas vão ficar expostas até o dia 15 de dezembro, na Galeria da Sociedade de Medicina e Cirurgia (Rua Braz Bernardino 59 – Centro). A vernissage acontece a partir das 20h, na quinta.
A pintura sempre esteve enraizada no trabalho de Bellei, como ele conta. Desde pequeno, pintava, seja na escola ou em casa. A paisagem à sua volta ainda hoje é referência. “Eu gosto de registrar as paisagens rurais. É a minha raiz. É com o que eu me identifico. A foto do convite, de certa forma, mostra isso. É uma cidadezinha próxima de Ouro Preto que eu vi, fotografei, e decidi pintar”, revela. “Mas, para isso, eu preciso de sentir a emoção para colocar no quadro. Eu só consigo pintar com inspiração.”
Isso sempre norteou seu trabalho, desde o começo. E era mais comum que ele fizesse exposição. Ele relembra que sua primeira exposição foi nos anos 1980. Na época, de acordo com ele, Juiz de Fora tinha mais espaços para expor, galerias voltadas a isso. “Mas isso foi diminuindo.” Apesar de ir expondo cada vez menos, nunca deixou de lado a pintura que, no começo, era mais como hobby, já que ele trabalhava em uma instituição na cidade. Sua última exposição aconteceu em 2006.
“Mas eu acho que a gente tem que voltar a colocar o rosto para ser lembrado.” E, então, depois de algumas pessoas sugerirem que ele voltasse a expor, pensou que seria o momento mesmo desse retorno. Como é um artista do momento, se pôs, então, a pintar o que lhe impactava. “Porque o quadro te chama para entrar, né? Se eu não consigo entrar, nem insisto. Tem que ter uma vibração”. Essa imersão fez surgir 22 telas de tamanho médio a grande e mais seis minitelas. Dessas, apenas uma é antiga, de 2000, que ele reencontrou e achou interesse colocar na exposição.
Agora, aposentado, consegue ter mais tempo com a pintura. Inclusive, montou uma marcenaria rústica em seu sítio, em que faz móveis rústicos e artesanato em madeira maciça. E foi ele mesmo quem fez todas as molduras dos quadros. E para voltar às galerias, Bellei se sente ansioso: quer ver como vai ser esse retorno e quer reviver o sentimento de ter seus quadros juntos, para o público poder ver. Ele conta que essa experiência vai ser importante, inclusive, para ver se quer expor mais vezes, em outros lugares.
Fonte: Tribuna de Minas